quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Rui Nunes, "Grito", Relógio d'Água, 1998

(p.73)
«- Nenhuma palavra me diz. Todas me omitem.

É um deus pobre, uma voz que se eleva para a ausência de criação.»

Quando li esta passagem, vieram-me à ideia todos os diagnósticos feitos por psiquiatras e psicólogos a propósito das pessoas que procuram ajuda para o seu mal-estar mental.

Nenhum diagnóstico revela a pessoa como ela é, como ela sente a vida e o seu mundo, nada. Pelo contrário, o diagnóstico elimina a pessoa, redu-la a um rótulo, tapa-a com um tapume opaco. E torna o psiquiatra/psicólogo num "deus pobre".

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