terça-feira, 3 de agosto de 2021

Papa Francisco, Fratelli Tutti, 2.

 


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2. Este Santo do amor fraterno, da simplicidade e da alegria, que me inspirou a escrever a Encíclica Laudato si’, volta a inspirar-me para dedicar esta nova encíclica à fraternidade e à amizade social. Com efeito, São Francisco, que se sentia irmão do Sol, do mar e do vento, sentia-se ainda mais unido aos que eram da sua própria carne. Semeou paz por toda a parte e andou junto dos pobres, abandonados, doentes, descartados, dos últimos.

Esta encíclica é dedicada à amizade social porque há muitas outras amizades, por exemplo, as políticas ou as laborais, eivadas de interesses vários. Não deve ser dessas que o Papa quer tratar aqui. No entanto, acredito que a amizade social pode ser uma “cúpula” que acolha e torne mais elevados todos os outros tipos de amizade.

Se não nos sentimos naturalmente irmãos do sol, do mar, do vento e da grande diversidade de seres vivos, mas desejamo-lo, podemos fazer deste pensamento o nosso objeto de meditação: imaginando-nos irmãos de todos estes elementos, vivos e não vivos, consciencializando as nossas emoções e sentimentos subsequentes, expandindo-os e deixando-os impregnar o nosso ser até ao mais fundo de nós.

Há uma profusão de emoções suscitadas por esta meditação, mas aqui destaca-se com razão o sentimento de paz. Isto porque o sentimento de união profunda com o mundo acalma o nosso sistema neurológico de emoções focado na ameaça e no perigo, ativando simultaneamente o sistema focado na segurança, na tranquilidade e na afiliação. 

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